quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Perda...


No ano de 2009 uma amiga muito importante pra mim, de alguma forma com o meu incentivo, aceitou um trabalho, em uma cooperativa agrícola. Neste trabalho ela tem aprendido muito com os homens deste meio e continua a aprender, mais em especial o homem que a contratou era um homem incomum.

É difícil explicar com palavras, não o conheci de perto, só através dela eu o conheci . Ele tinha uma alma antiga, debatia questões e assuntos de todos os tipos, ele era um homem extraordinário, era talentoso e dedicado á cooperativa, um visionário, jamais esquecerei o que ela me contava sobre o caráter deste homem, a força de vontade e perseverança por um mundo melhor. Esta semana eu loguei no msn e vi no perfil dela LUTO, este homem havia falecido num acidente de carro horrível !

Tive uma sensação de dormência, a sensação de que tudo se movia e ficava parado ao mesmo tempo. E se há uma lição que aprendi, ou estou aprendendo, é que a sensação deste momento é algo válido. É válido sentir-se dormente, se pra mim foi raiva, choque, é válido, ou mesmo não sentir nada, é válido também.

É válido não ter respostas nem explicações e talvez nem ter palavras. Sabe o que ajuda é que Jesus chorou, há uma história no Evangelho de João, Lázaro, uma amigo de Jesus, morre e alguns dias depois, Jesus visita a aldeia de Lázaro, todos os familiares e amigos deles estão lá, todos reunidos chorando, lamentando a perda. As irmãs de Lázaro até dizem a Jesus: Se tivesse chegado antes, talvez isso não aconteceria.
E Jesus chega no meio dessa confusão enorme e diz: Bem, as Escrituras dizem que o espírito Dele se comove. Lá no fundo, Ele está conectado com toda essa confusão, e a Bíblia descreve com duas palavras, " Jesus chorou ". Ele sentiu toda a dor e a perda, e Ele entrou e se deixou atingir pela força do momento. Você precisa ser atingido, não pode evitar, não á como evitar reações e situações, pensando que desaparecerão. Se guardarmos, ficará aqui dentro em algum lugar e um dia aflorará, precisamos externalizar se não ficará trancado. Talvez tenha perdido alguém e nunca lamentou adequadamente, então ainda esta aí, escondido, trancado ai dentro, se o Filho de Deus externalizou, se Jesus chorou, então devemos chorar também.

Eu não sei se você perdeu alguém e talvez tenha sido há muitos anos, ou há poucos dias. Eu não sei se faz tempo ou se foi no outro dia. Eu sinto muito. Eu sinto muito pela sua perda.

Você e eu fazemos a escolha sobre o tipo de pessoa que somos e o tipo de pessoa que seremos, teremos a escolha de sermos amargos ou não.

Um homem chamado Jó nas Escrituras perde tudo que tem: filhos, casas, posses. E sua esposa diz: "Jó, ainda mantém sua integridade ? Amaldiçoa Deus e morra !" Ela fica consumida pelo amargor, e se não reconhecermos essa escolha, se um pouco de amargor entrar, tomará conta de tudo. Talvez tenha entrado há tempos, ou talvez tenha a sensação de culpa associada com: " Se eu tivesse feito aquilo, nada teria acontecido. Se eu fosse diferente, se eu tivesse feito algo diferente." E nos afogamos em culpa, e isso penetra, se torna parte de nós, e nem estamos cientes .

Não, não deixe isso acontecer, não deixe que aconteça, há um salmo antigo onde o escritor fala com Deus, como em prece onde ele derrama a sua dor, dizendo: " O Senhor me fez ver problemas, muitos problemas amargos, mas me recuperará novamente."

É comum que uma perda seja ela qual for, torne-se importância central. É alguém que tinha e que perdeu, e há um enorme vazio no espaço que eles ocupavam, e só conseguimos pensar nisso. O que acontece nesse processo é que nossa vida enfoca o que não temos e esquecemos o que temos. Seu coração, meu coração eles se recuperarão e nunca serão os mesmos, mas nos recuperaremos.

Os primeiros Cristão falavam de um dia no futuro quando Deus recuperará tudo.

Você, eu, tudo na terra e no céu.
Isso me dá muita esperança.

Entenda que Jesus ... chorou.
E que você perceba que os seus sentimentos são válidos.
Não se torne amargo e fechado, mas aberto !

E que você perceba que Deus esta com você, presente lamentando sua perda, mas também recuperando.

E que desta forma possamos ter esperança.

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